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KAROL

Olá! Eu sou a Karol.

Em um dia comum de trabalho, comecei a sentir uma dor muito forte nas costas que, posteriormente, passou para a barriga. Fui para o hospital e, por lá fiquei durante vários dias, fazendo exames.

Eu, que tinha uma vida completamente normal e era super saudável, descobri, aos 22 anos de idade, um tumor no fígado.

Comigo, minha mãe, irmãs e namorado.

No momento da notícia, um silêncio. Debaixo de mim, senti abrir um buraco. Após alguns minutos, desabei, chorei muito.

Eu só conseguia pensar em coisas ruins, infelizmente.

Jamais imaginei que isso poderia me acontecer.

Todos ficaram muito abalados. A equipe médica conversou comigo, bem como pessoas que tinham passado pelo mesmo e se curado. Recebi apoio e fui fortalecendo minha mente, pra não deixar que aquilo me consumisse.

Internada em casa por alguns dias e recebendo acompanhamento médico diariamente, constatou-se que havia mais um tumor e precisavam descobrir onde era.

Já o tumor no fígado, havia avançado e precisei iniciar a quimioterapia.

Mais choro e aflição. Minha mãe, irmã e médica me ampararam.

As minhas referências da quimioterapia eram as piores possíveis e eu não queria iniciar o tratamento. Além do fato de não aceitar que estava doente.

Pedia pra Deus me dar forças e pra não me deixar passar por isso.

Eu sonhava em fazer faculdade, adorava trabalhar, sempre fui independente. De repente, me vi ali, totalmente sem forças, só ficava deitada e à base de morfina.

E quando a médica me disse que, devido ao tratamento, eu ficaria careca... Não conseguia parar de chorar. Sempre fui muito vaidosa, era apaixonada pelo meu cabelo anelado. E eu ainda sem acreditar que estava com câncer no fígado. Nesse período, outros exames estavam sendo feitos para descobrir onde estava instalado o outro tumor.

No início, tive efeitos colaterais da quimioterapia. Depois de algumas sessões, foi o que fez aliviar minhas dores.

Após vários exames, os médicos descobriram que o segundo tumor estava na garganta (tumor de laringe).

De uma biópsia, foi possível realizar o exame com um fonoaudiólogo. Nesse exame, uma surpresa: o médico disse que não estava vendo absolutamente nada.

Eu fiquei muito assustada pois, na semana anterior, o tumor estava ali.

O tempo todo eu pedia pra Deus ficar comigo e me fortalecer. Foi um verdadeiro milagre. Deus é maravilhoso em tudo e, se esse foi o propósito D’ele pra minha vida, é porque eu tinha que passar por isso. E, depois de meses, até que enfim uma boa notícia; um câncer que tinha se curado, de forma inexplicável para a medicina.

Em casa, eu só acreditei que estava com câncer quando meu cabelo começou a cair.

Cada mecha que caía só aumentava meu sofrimento.

Muito angustiada, tive que tomar a decisão que eu não queria, a de raspar minha cabeça.

Deus me deu forças e minha família foi a base principal para mim, o calçado que firmou meus pés.

As lágrimas escorriam com o barulho da máquina e com o cabelo caindo ao chão.

Eu não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo comigo.

Mesmo não aceitando, tive que acordar para a realidade e me lembrei da Patrícia Silvério, cuja beleza admiro muito. Peguei uma foto dela e pensei: ela tá linda careca, eu também posso ficar. Me inspirei na Patrícia e comecei a usar batons escuros e brincos grandes.

Por incrível que pareça, com todo medo que eu tinha de raspar a cabeça, quando eu tirei meu cabelo parece que foi um sofrimento a menos. Me dei conta de que eu tinha que continuar cuidando da minha saúde e que, por mais que a quimioterapia tivesse causado a queda do meu cabelo, tinha melhorado muito minhas dores.

Na rua, sendo careca, as pessoas começam a te olhar diferente.

Com o tempo, passei a enxergar a quimioterapia como um tratamento e não como um sofrimento na minha vida. Daí pra frente comecei a andar bem arrumada e o lugar que, antes, eu ia por obrigação, passei a ir com prazer.

Hoje, ignoro opiniões que me diminuem e valorizo as pessoas que gostam de mim verdadeiramente.

Me sentia cada vez mais bonita.

A médica, ao pegar meu exame, perguntou onde estava o tumor da laringe.

Minha mãe disse pra ela que Deus tirou.

Eu só sabia agradecer. Deus, muito obrigada! Eu confio nos médicos, mas acredito que o Senhor operou o milagre da cura.

Em momento algum eu questionei o agir de Deus em minha vida.

Meu caso foi estudado em outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, pois os especialistas mal acreditavam em um tumor que tinha desaparecido de uma semana pra outra.

Eu comecei a acreditar que, mesmo diante de tudo, eu era uma guerreira. A gente não deve aceitar coisas ruins. Quando me entreguei pra situação, tudo piorou, quando decidi encarar a realidade, o problema sumiu. Aí as coisas começaram a dar certo.

As lágrimas de tristeza se transformaram em lágrimas de alegria.  

Eu ainda faço tratamento, mas vou toda maquiada.

Podem me ver careca, mas uma careca linda, com a autoestima lá em cima.

Hoje, eu falo que sou um milagre para minha família, que sou um milagre de Deus. A verdade é que achei que não iria dar conta, achava que não acordaria viva no outro dia. Mas Deus me sustentou. Eu como o que eu quero e nada me fez mal.

Comecei a ignorar o olhar preconceituoso das pessoas e retribuir com um sorriso no rosto.

Depois disso tudo, minha família ficou ainda mais unida e nossa fé se fortaleceu.

Meu namorado foi muito forte e, em solidariedade a mim, também raspou a cabeça.

O tratamento foi um divisor de águas, trabalhou todas as áreas da minha vida. Me fez valorizar momentos e pessoas que realmente importam. O câncer me tratou de dentro pra fora, me fez erguer a cabeça e enfrentar a morte.

Meu medo de morrer passou. Hoje, só tenho medo de estar viva e não viver.

A vida é uma caixinha de surpresas: surpresas boas e ruins, só temos que aprender a lidar com elas, da melhor forma possível.

Sim, quando recebi a notícia de que estava com câncer, tive vontade de me entregar à situação. Mas Deus e minha família me deram forças pra continuar. 

Se você tem o corpo saudável, mas está sem motivação pra seguir, deixando pensamentos negativos te vencerem, espero que minha história te faça refletir, pois eu continuo lutando pela minha vida. Não desista da sua! 

Ah, e mais uma dica: faça um ensaio fotográfico! Eleva nossa autoestima e faz bem pro corpo e pra alma! Rsrs